segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sobre talvez

Desci do ônibus e o silêncio da rua foi pesado nos meus ouvidos. Tive vontade de sentar em uma pedra e segurar o peso do som de absolutamente nada. Era quase madrugada. Tempo houve em que eu morreria de medo de estar tarde assim sozinha na rua, mas era um medo alheio. Meu corpo não sentou, mas acho que uma parte de mim ficou ali. Minha cabeça se comparando a um liquidificador, só que de ideias. Coisas que eu sinto e gostaria de não sentir, coisas que não sinto e gostaria de sentir. Às vezes parece que é tanto, tantas pontas soltas que não consigo juntar, que acho que a única solução é sentar e ouvir o som do silêncio. "O som da gente não indo", como me disseram uma vez. Talvez eu não pare e sente justamente por ter medo de juntar todas as pontas. E talvez. "Talvez" me define nos últimos meses. Talvez isso e talvez aquilo. Talvez o meu problema seja pensar demais, desde sempre, sobre tudo. Tentar entender, tentar resolver, tentar achar uma explicação racional. Talvez existam coisas que não precisem ser racionalizadas, talvez elas não precisem ser pensadas e só sentidas. Mas me deparo pensando, de novo, se é assim que devo me sentir, se é assim que devo agir. E eu acho que tenho medo demais pra parar de pensar. Um medo alheio.

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