segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sobre quinta dovinho, um pouco de Muggy e menos ainda de Cord.

O que mais me irrita é que as coisas mudam e eu não tenho tempo de aproveitar. E eu não tenho tempo de notar que eu DEVERIA aproveitar. Só queria caminhar até o total com um "corpo de cristo” e passar o dia reclamando sem saber que esses são os melhores dias de todos. Com flores, pessoas, folhas, cigarros, moisas e gagas atirados na calçada. Porque nós somos as flores e fazemos parte do total, já havia se tornado banal. Quero sentar naquela escada até o Mil-Tons reclamar que estamos bebendo onde não pode; quero fumar meus cigarros mentolados e ouvir alguém perguntar "isso tudo fui eu que fiz?"; quero comprar uma capirinha e ganhar o chopp na promoção, e achar ambos maravilhosos; quero peregrinar pelo shopping inteiro com a guitarra mais foda do universo assaltando as pessoas e deixando um ingresso; quero ficar até muito depois da minha hora e dizer que eu estava ensaiando; quero só ficar lá, observando pessoas legais convivendo; mais importante de tudo, quero ter fome depois que cansar de beber vinho e subir pra comprar um Cheddar por R$5,00 e voltar completamente amarela; quero reclamar que tudo é tenso e que eu não aguento mais; passar o dia INTEIRO falando "tenso"; quero estar com as cinco melhores pessoas do mundo, sem nem saber que eles são os meus cinco; quero planejar como iremos e o que beberemos na Hot do dia seguinte; fazer altos planos pro Cord sem ter ideia de que eles darão certo; quero voltar pra casa em um carro com vinte pessoas; ou posso voltar de ônibus, descer várias paradas depois, parar na minha vó pra ficar bem e vir pra casa mais tarde ainda; quero só dormir com um sorriso roxo nos lábios e acordar fazendo o solinho de "cada poça". E eu não vou nem me aprofundar nas sextas de noite, já tinhamos um lugarzinho com o nosso nome no Cord Night Club.
Eu só acho que estou ficando velha demais pra essas coisas...Até porque eu não conheço mais quem aparece no kzuka. :~

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"Um abraço forte, bem melhor agora, gira e tudo muda de lugar. Todos os amigos, ninguém foi embora! Apaga a luz lá fora, sempre é hora de brilhar."

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O mistério do cavalo de Édipo

Perguntou a Medusa para Édipo:
- Escuta aqui, você viu bem onde amarrou seu cavalo?
(O cavalo era um Pégasozinho meio de quinta. Mas com asas.)
- Hein? – resmungou Édipo, as rédeas ainda na mão.
- Não faz o distraído comigo que eu te petrifico, viu? – gritou a Medusa, que era muito temperamental. – Te conheço e não é de hoje.
- Saco – murmurou Édipo. – Sempre onipotente.
Medusa ficou uma fúria:
- Olha nos meus olhos já! – ordenou. – Direto nos meus olhos, seu panaca! – Ela olhou fundo nos olhos dele. As cobrinhas da cabeça ficaram em pé. – Considere-se petrificado.
- Naja idiota – bocejou Édipo. – Não vê que sou cego?
Medusa bateu na testa:
- É mesmo! Por Juno, eu tinha esquecido.
Sei, sei. O enigma, Tebas, Jocasta, aquela baixaria toda. Cuspiu de lado: - Tarado.
Édipo ia reagir quando chegou Perséfone: percebeu pelo excesso de perfume no ar. Sim, pensou, Perséfone tinha mesmo ficado meio tang demais depois de superada aquela horrível fase dark no Hades.
- Édipo, meu gato! – ela gritou. – Nossa, quanto tempo. Desde aquela tarde em Elêusis, quem diria? – Começou a falar outra abobrinha qualquer, mas interrompeu-se com um grito: - Por Palas-Atena, baby: você viu bem onde amarrou seu cavalo?
- Perua! – interrompeu a Medusa. – Eu já dei o toque pra ele.
Perséfone fez que não ouviu. Já tinham rolado uns lances entre elas no verão passado, em Creta (Medusa calçava 52, bico largo). Super-heavy: Perséfone preferiu tirar o time. Mais ainda depois que conhecera Teseu, na musculação. Insistiu, como se Medusa não existisse.
- Mas me diz, meu bem: você viu onde amarrou seu cavalo?
- Eu não vejo, pô – rosnou Édipo. – E você que vê, por Cronos, poderia me fazer o enorme favor de dizer, Parcas, onde...
Perséfone era muito dispersiva. Nesse momento olhou para cima e viu o inconfundível acrílico de asa-delta de Ícaro. Chamou:
- Ícaro! Ícaro, desça já-já aqui, seu piradinho!
Ícaro desceu. Não porque tivesse ouvido (ao voar, usava sempre head-phones com som de Phillip Glass: dava o maior clima), mas por coincidência tinha olhado para baixo e visto os três. Quatro com Pégaso.
- E aí, lasanha? Dando banda? – Perséfone era demais galinha.
- Estou procurando Apolo – respondeu Ícaro, muito digno.
Baixo-astral como era, Medusa não perdeu a oportunidade:
- Apolo? Acabei de vê-lo com Narciso, nos Jardins com as Hespérides. Aliás, nunca vi Narciso tão bonito. Herítia apresentou uns pomos pra eles. E você precisava ver, que gracinha, Apolo dando pedacinhos pra ele.
Ícaro ficou lívido. Estava a ponto de rodar a cariátide quando Perséfone, diplomatiquérrima (era Libra), cortou:
- Você conhece Édipo, Ícaro?
- Prazer – disse Ícaro, estendendo a mão. – Ícaro.
- Édipo – disse Édipo, uma mão nas rédeas, outra tateando no ar. – Escuta, você não é o filho de Dédalo?
- Você conhece meu pai? Ele... – Ícaro parecia encantado, mas interrompeu-se com um grito: - Por Vulcano, Édipo! Você viu bem onde amarrou seu cavalo?
            Foi então que Édipo sacou que a situação era realmente grave. Soltou as rédeas e disse aquela frase que acabou entrando para a história: - Por Zeus, vocês que vêem querem parar com essa galinhagem e me dizer de uma vez por todas: onde foi que eu vim amarrar meu cavalo?
Caio Fernando Abreu




Achei simplesmente genial. 

Ela amava alguém que não existia mais

"Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a) - mas a morte é inevitável, e por tanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte    anormal    . O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo - porque se    poderia     ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER."

E a cena 1 ultrapassa a cena 2, meu caro Caio.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Outra sobre morte; Outro sobre coisa alguma que faça parte da vida real.

He woke up from dreaming and put on his shoes, started making his way past, two in the morning, he hasn't been sober for days. Leaning now into the breeze, remembering sunday, he falls to his knees...They had breakfast together, but two eggs don't last like the feeling of what he needs. Now this place seems familiar to him, she pulled on his hand with a devilish grin, she led him upstairs, left him dying to get in. "Forgive me, I'm trying to find my calling, I'm calling at night. I don't mean to be a bother, but have you seen this girl? She's been running through my dreams and it's driving me crazy, it seems...I'm gonna ask her to marry me". Even though she doesn't believe in love, he's determined to call her bluff, who could deny these butterflies they're filling his gut? Waking the neighbors, unfamiliar faces, he pleads though he tries, but he's only denied, now he's dying to get inside. "The neighbors said she moved away, funny how it rained all day. I didn't think much of it then, but it's starting to all make sense. Oh, I can see now that all of these clouds are following me in my desperate endeavor to find my whoever, wherever she may be".
"I'm not coming back, (forgive me) I've done something so terrible, I'm terrified to speak (I'm not calling), but you'd expect that from me, I'm mixed up, I'll be blunt (you're driving me crazy). Now the rain is just washing you out of my hair and out of my mind. Keeping an eye on the world from so many thousands of feet off the ground, I'm over you now, I'm at home in the clouds, towering over your head". "I guess I'll go home now".

Yes, I'd expect that from you.


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sobre "Pieces"; Sobre coisa alguma que faça parte da vida real.

Uns "te amo" perdidos e sem sentido. Lembranças que parecem ser de outra pessoa. E um abraço que parece o mesmo, que parece querer dizer alguma coisa, mas que muda de ideia e acaba não dizendo nada; acaba deixando mais frases inacabadas no meio de tantas outras. Essas frases lutam pra fazer algum sentido pra qualquer pessoa, mas ninguém parece capaz de nem mesmo enxergar essas palavras soltas como uma frase. Essas lembranças não são minhas, não podem ser; e as frases antigas que pareciam fazer sentido não parecem mais terem sido ditas pra mim.
Mas foram.
As lembranças são minhas.
As frases eram minhas.
Os abraços eram meus.
Os sorrisos eram meus.
Toda a positividade era minha.
Mas eu era outra pessoa.
Eu e você éramos outras pessoas.
Pessoas diferentes em um mundo diferente.

Nada mais faz sentido aqui.
Acho que tudo fará sentido quando o abraço conseguir formar frases inteiras e que queiram dizer alguma coisa.
E então nada mais precisará ser dito.

Nothing was worth it. Right?