sábado, 8 de junho de 2013

Time

(E nunca mais vai ser igual. Mas pode ser melhor. Ficar um tempo longe de alguém ou alguma coisa ajuda a crescer e enxergar de fora. E ajuda as coisas a serem exatamente como devem ser, melhor ou pior, mas nunca igual. E eu acho que eu preciso desse tempo agora, porque o tempo que tomamos claramente não foi o suficiente.) E de ver que o tempo funciona em outros casos...É só um risco que a gente corre que esse crescimento distante torne tudo pior, (mas certo.)
Mas e se foi exatamente esse outro tempo que nos fez perder o rumo? E parece tão difícil. Tão difícil sentir, dizer, ouvir, esperar...Ah!, gostar e esperar. E esse medo que me (nos) envolve, por não conseguir(mos) mais enxergar o caminho que estou(amos) seguindo, por acreditar que essa estrada pode ter seu fim a qualquer momento, quando menos esperar(mos), quando menos quiser(mos) que ela acabe. (E eu fico pisando em falso, com medo de cair e de te levar junto, e o pior de tudo: com medo de escorregar e apenas te ver caindo. E eu não sei o que eu posso fazer em relação a isso até começar a ver as coisas de longe por mais tempo.)

Mas quando é sobre você, eu não posso decidir, é só uma questão de tempo.

(Eu, tentando aprender comigo mesma.)

Pra onde a gente deve ir?

Eu estava ali, perdida, sem ter o que fazer. Bem, mas talvez um pouco entediada. Cansada de outras coisas. Uma menina me perguntou se eu não gostaria de correr com ela. Mas, correr? Ela me garantiu que eu iria me divertir, que iríamos ver coisas, sentir coisas, fazer coisas...eu aceitei, mas não dei muita bola. Ela saiu na frente e eu fui atrás, caminhando, distraída, olhando para os lados. Saí da trilha algumas vezes, parei pra conversar. Ela não parou de correr por um momento sequer e depois de um tempo eu nem podia enxergá-la lá longe; fiquei um pouco preocupada, pensei que ela poderia ter se machucado no primeiro obstáculo, se perdido, e até fiquei com um pouco de medo de ela ter desistido de correr, afinal, eu não tinha nada mais interessante pra fazer. Ou talvez eu realmente estivesse aproveitando aquele passeio. Resolvi, finalmente, correr. Encontrei-a sentada em uma pedra com uma cara triste. Senti uma tristeza grande por ter deixado ela partir sozinha e prometi que íamos seguir o mesmo ritmo. Corremos tanto, conversamos, rimos, foi a melhor experiência de todas, o vento no rosto, os lugares que vimos passar. E era só uma corrida, um passeio, eu jamais pensaria que poderia ser assim. Nunca víamos outras pessoas, elas eram sempre um vulto, uma sombra passando longe, mal ouvíamos suas vozes, mas não precisávamos de nada disso. Ela pegou minha mão e me puxou pra longe. Eu peguei a mão dela e puxei pra longe. Corremos alguns quilômetros sem cansar, pareceu como se tivessem passado quase três anos, sem sentir. Ela começou a se mostrar cansada, queria sentar um pouco, dar uma parada, dar uma volta, conversar com quem passava. Insisti que poderíamos correr um pouco mais, que eu via um lugar melhor pra sentar logo ali na frente. Esqueci que ela já vinha correndo há muito mais tempo do que eu e insisti mais um pouco, eu poderia ir mais devagar pra ir do lado dela se ela quisesse. Insisti, insisti. Segui meu próprio ritmo e estiquei a mão para trás pra segurar a dela e puxar, mas nada achei. Vi um vulto no meio das árvores, mas não era mais de uma pessoa qualquer, ela quis dar outro passeio. Sentei e esperei.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A partir do momento que se houve um "não", sendo ele claro ou não, se abre uma ferida no lugar que deveria abrir um espaço para a felicidade. Essa ferida, como uma ferida normal na pele, deve cicatrizar aos poucos, mas sem nunca piorar, levando em conta que o melhor a fazer depois do "não" é se afastar.

Mas eis o que acontece quando o afastamento não acontece: cada palavra diferente, cada olhar, cada gesto, é como se a ferida fosse piorando, como se cutucassem com o dedo na pele. E vai aumentando mais e mais. Algumas vezes sangra. E não há nada que o ferido possa fazer para ajudar a cicatrização, uma vez que se afastar não é opção. Às vezes dá tempo de fechar um pouco aquele buraco, mas ele volta a abrir. Até que finalmente o tempo se encarrega do afastamento. E, com alguma dificuldade, tudo vai sumindo, sumindo...Mas como a maioria dos ferimentos profundos, a cicatriz permanece. Permanece pra fazer questão de não se deixar esquecer. E com alguns movimentos é capaz de ainda causar dor, pelo simples fato de ter sido intenso. E isso, isso nunca vai embora.

Mas e se o afastamento acontecer? E se nunca mais nos olharmos? E se, quando eu tentar, não conseguir como eu disse que conseguiria? E se tu não achar que podemos como tu disse que acha? E se eu te esquecer? Por isso eu ainda não passei, mas de ver que algumas cicatrizes podem virar uma coisa boa, eu tento acreditar que desse outro jeito também pode resultar em alguma coisa boa.