sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Sobre palavras bonitas

Não sei fazer poesia. Minhas palavras só se juntam em linha reta. E não é uma linha reta "farta de semideuses", apenas uma linha reta que não consegue se arrumar em versos. Voltei pra arte, arrumei um violão, e até algumas notas eu juntei, mas nunca essas palavras. 
E mesmo essas aqui, já perdidas de beleza...Quando em anos passados minhas poucas frases faziam chorar os amigos mais emocionados, hoje não encontram muito significado. Entrei na faculdade de Letras e achei
que seria bom compartilhar textos, mas eles foram julgados por ditos mestres que só souberam achar defeitos, pedir concretude, um gancho...Eu não quero ser concreta, não quero começar um texto fazendo
uma propaganda pra manter o leitor interessado. Quero fazer do meu jeito, meu "free style". E esse próprio texto já teria sido devolvido com um "R" de "reescrever" porque mudei de ideia do início pro meio.
Mas sou assim até, e principalmente, na vida, como não ser no papel e na caneta? Acontece que parei de achar bonito meus parágrafos tortos e sem leis. Será que fugi em tempo de voltar a gostar da minha simples
"arte" ou será que a Academia me estragou de vez? Será que um dia vou voltar a chorar com o que eu mesma escrevo?
Será que um dia vou fazer poesia?
Ou será que é tudo uma questão de amor?
E a beleza fica guardada nas cartas que eu escrevo e tento não entregar?!

Sobre a hora

Uma reviravolta e volta pro mesmo lugar. Não digo que é inútil, talvez seja o contrário. Só assim eu sei que não devo ter, justamente por tanto querer. Porque não é hora, porque tentamos apressar e nos deixamos levar, tentar burlar o bom andamento do tempo, tentar enganar o tempo. Mas ele é deus e não se deixa enganar, cedo ou tarde nos lembraria com força que fomos contra os seus desejos. Que seja assim, quando nos olharmos vamos saber, quando tiver que ser. E eu vou estar lá no momento exato que tenho que estar. Tudo vai se encaixar.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Sobre a Babilônia

Parece que os ônibus que passam na tua casa tiveram sua frota dobrada nos últimos dias. Vejo tantos quando saio de casa, eles passam parece que me chamando para subir, sentar, ficar nervosa pra te ver no caminho que eu tanto conheço. Troquei minhas rotas pra não ter que passar na frente da tua casa, me atraso pras aulas só pra não ter que passar bem na frente do teu prédio. A força que eu faço pra não cometer nenhuma outra estupidez é gigantesca! Parece que não cabe no peito, que vai me rasgar ao meio. Tantos planos que são tão difíceis de seguir, eu já pensei tanto em escrever uma carta longa falando tudo que eu quero, como isso tudo que eu escrevo aqui, ou simplesmente mandar pro teu e-mail. Mas do que adianta? Se fosse possível te convencer a voltar, a me amar. Já não aguento mais escrever as mesmas coisas de novo e de novo. Mas hoje está sendo um dos dias difíceis, ainda não consegui fazer com que meus olhos fiquem normais, não vermelhos nem inchados. Talvez essa noite me leva pra algum lugar bom, que vai me fazer esquecer. Provavelmente vai, alguém vai me salvar por mais uma madrugada. Ou alguéns. Mas eu não quero ser salva, só quero parar de correr perigo. Complicado. Preciso muito conseguir esperar mais tempo. Preciso acreditar, pelo menos mais uma vez, que ela ainda tem esperanças, que nós ainda temos chances. Preciso acreditar, preciso me forçar.

(junho)

Sobre arte



Lendo na beira do mar, deixando uns poucos raios de sol iluminar, com uma vontade quase desesperadora de escrever palavras que não faço ideia de quais são. De uma hora pra outra fica escuro e chove bastante, só pra eu ter que voltar pra casa.

Mas isso não é arte? O universo brincando com as possiblidades, eu sentindo essa energia. Isso não é arte?

Na minha viagem eu conheci muitas almas maravilhosas que já fizeram valer a pena ter saído. Uma delas me disse que acha que cada um se identifica e tem mais facilidade com um tipo de arte. Perguntou qual é a minha e eu disse que não sabia, pensei em música, abandonada pela metade em algum lugar de mim. Levei dias pra lembrar que a minha área é a literatura, quase abandonada também. Mas a arte não é isso tudo? Viajar, conhecer, experimentar e acima de tudo sentir? Preciso mesmo escrever, tocar, pintar, cantar pra ser artista?

E vai ver é desse jeito que eu volto a juntar umas palavras e umas notas, assim, aprendendo a arte do universo, única e infinita.