quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Se a gente morrer vai ser na praia

Então estava eu no centro da praia em uma sexta-feira de noite. Meu celular tocou e era aquele mesmo número desconhecido. Talvez não tão desconhecido, mas se assim fosse, não faria sentido ele tocar sem parar. Eu liguei de volta. Desliguei. Ligaram. Desligaram. E assim foi...Até que eu atendi e a única voz possível que poderia estar me ligando perguntou onde eu estava. Fiquei nervosa, não quis esperar. E fui pra casa. Fiquei um tempo olhando pro teto escuro antes de dormir, me revirei nos lençóis e depois de muito pensar e de muita coragem tomar, mandei uma mensagem. O arrependimento veio enquanto eu ainda apertava o botão de enviar, mas pela falta de sinal da praia, ela não foi entregue. E aí fiquei chateada por não ter enviado. Mas logo parei de pensar no assunto. E na noite seguinte lá estava eu de novo indo pro centro, dessa vez sabendo quem eu ia encontrar. E eu só fiquei ali junto com ela, querendo mais do que isso. Ela me convidou pra ir até a beira da praia, ver a lua. A praia estava deserta e eu me recostei nela, ficamos ouvindo o mar e vendo a lua. Eu sempre lançando olhares quase que de súplica. E voltei pra casa, voltei pra encarar o teto. Ah, por que eu não fiz nada?

Drama até onde não tem

Saiu de casa com a decisão mental de fazer tudo parecer um filme dramático. Com seus tênis pretos com detalhes em couro, a calça jeans apertada e a jaqueta tipo anos 80. Saiu andando pela rua com a chuva fraca batendo no rosto; nos ouvidos, a mais triste do mp3. Queria parar de fumar, mas todo aquele drama de filme triste pedia um pouco de fumaça. Comprou o mais barato que tinha e seguiu sua caminhada, com olhar triste. Não sabia o que levava a fazer isso, talvez apenas lembrar de como é se sentir mal e sair assim na rua só porque assim se sente. E com certeza, quem visse de longe teria total certeza do sofrimento que ocorria ali. Mas logo o cigarro acabou, a música terminou e outras músicas falando de amor chegaram aos ouvidos. Aos poucos aquele sorriso que já tinha moradia fixa voltou, já era impossível se sentir mal. Acendeu outro cigarro, desistindo da pose triste, e fumou com o sorriso, só querendo mostrar pros outros que ali tinha felicidade. Nada mais importava e mesmo sem ninguém do lado, não existia mais solidão em momento algum. "Sempre contigo".